quarta-feira, 3 de junho de 2009

Explorador do abismo


O submarino-robô americano Nireu conseguiu realizar a mais detalhada exploração da Fossa das Marianas, o lugar mais profundo da crosta do planeta. Com 11 mil metros de profundidade, a Fossa das Marianas fica no Oceano Pacífico, a leste das Ilhas Marianas. Desenvolvido por uma instituição de pesquisa americana, Nireu é o exemplo mais avançado de uma nova geração de submarinos-robôs que promete revolucionar o conhecimento sobre o fundo dos oceanos, que embora represente a maior parte da superfície da Terra é menos conhecido do que a Lua e Marte.

No futuro, submarinos como o Nireu poderiam participar de missões de busca, como a empreendida agora para encontrar os destroços do Airbus da Air France, que caiu no Atlântico Sul. No momento, o Nireu ainda é lento demais para esse tipo de trabalho. Mas no domingo passado, Nireu chegou ao fundo do Challenger Deep, um abismo dentro do abismo das Marianas.

Desenvolvido pelo Instituto Oceanográfico Woods Hole, Nireu consegue operar a uma pressão elevadíssima, mil vezes maior do que a do nível do mar e equivalente à de Vênus. Ele é capaz é de ir mais fundo que qualquer outro submarino e pode filmar e coletar amostras.

Até hoje, somente três submersíveis exploraram o fundo da Fossa das Marianas. O primeiro foi o batiscafo americano de fabricação suíça Trieste, com Don Walsh e Jacques Piccard a bordo, em 1960. O segundo, o robô japonês Kaiko, que fez três expedições ao abismo entre 1995 e 1998. Kaiko se perdeu no mar em 2003.

Para se ter ideia do que representa a profundidade do Challenger Deep, o ponto mais alto da Terra, o Monte Everest, tem 8.850 metros de altura e se ele fosse colocado no fundo das Marianas, ainda seriam necessários mais 2.150 metros para alcançar a superfície.

- Nireu é diferente de qualquer outro submarino-robô. Ele tem operação mais simples e capacidade para explorar vastas áreas com grande eficiência. Nossa grande conquista não foi apenas chegar ao ponto mais fundo dos oceanos, mas abrir uma nova frente para o conhecimento das profundezas, que podem abrigar alguns dos ecossistemas mais ricos e misteriosos da Terra. Podemos virtualmente explorar qualquer lugar - disse o gerente da missão, Andy Bowen.

Nireu se comunica com a superfície através de um cabo de fibra ótica superfino e resistente. Mas ele também pode operar como um submarino autônomo. No domingo, controlado por cientistas a bordo do navio de pesquisa Kilo Moana, Nireu coletou sedimentos do fundo do Challenger Deep.

- São amostras do ponto onde duas placas tectônicas se encontram, um dos lugares de grande atividade sísmica do Pacífico - disse a geóloga Patty Fryer, que integra a missão.

Uma das metas da expedição é determinar a profundidade exata do Challenger Deep, até hoje uma incógnita.

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