quarta-feira, 17 de junho de 2009

Crise no Irã divide autoridades e analistas israelenses


A crise após as eleições no Irã divide as opiniões em todos os setores da sociedade israelense, tanto no poder, como entre os analistas e a população.

Alguns acham que a vitória do presidente Mahmoud Ahmadinejad "é melhor para Israel" e outros demonstram preocupação com sua reeleição e a repressão aos reformistas.

O chefe do Mossad (serviço de inteligência de Israel), Meir Dagan, afirmou, em uma reunião com a comissão de Segurança do Parlamento que, "se (Mir Houssein) Mousavi ganhasse, seria mais difícil explicarmos a questão iraniana para o mundo, pois ele tem uma imagem de moderado".

O Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota declarando que "se havia alguma esperança de mudança no Irã, a reeleição de Ahmadinejad expressa o agravamento da ameaça iraniana".

Segundo a imprensa local, nos bastidores, a maioria dos líderes políticos concordam com a opinião do chefe do Mossad e acham preferível a vitória de Ahmedinejad.

A crise pós-eleitoral iraniana desperta um grande interesse em Israel, principalmente pelas ameaças feitas pelo presidente do Irã de "destruir Israel" e pelo desenvolvimento do programa nuclear no país.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu chegou a afirmar algumas vezes que o Irã poderia causar um "segundo Holocausto", fortalecendo mais ainda os temores da população de que o programa nuclear iraniano poderia resultar na fabricação de uma bomba atômica que seria lançada contra Israel.

De acordo com o analista Amos Harel, do jornal Haaretz, "paradoxalmente, parece que do ponto de vista de Israel, a vitória do atual presidente Mahmoud Ahmedinejad é preferível, pois a vitória do candidato reformista poderia encobrir a face da ambição nuclear iraniana com uma máscara atraente".

"Membros importantes das Forças de Defesa Israelense, como o ex-chefe do Mossad Efraim Halevy, disseram que o comportamento do presidente iraniano, considerado no Ocidente como quase louco, contribuiu para os interesses de segurança israelenses", afirma Harel.

Já Oded Granot, analista do canal estatal da TV israelense, discorda dessa visão.

'Hezbollah'

"Aqueles que dizem preferir a vitória de Ahmadinejad estão em 'boa companhia', junto com Hezbollah, a Síria e a China", ironizou Granot.

"Não se pode ignorar as justas aspirações dos reformistas iranianos por liberdade de expressão e por uma maior abertura do Irã", acrescentou.

"E para Israel também seria melhor se a liderança do Irã fosse mais moderada e se naquele país houvesse mais democracia", disse o analista.

De acordo com opiniões ouvidas pela BBC Brasil nas ruas de Tel Aviv, a população israelense também está dividida sobre a crise iraniana.

"Para nós é melhor que o mundo veja a cara feia de Ahmedinejad do que a cara bonitinha do outro (Mousavi), assim talvez nos ajudem a impedir que eles tenham a bomba atômica", disse o alfaiate Avraham Babaiof, de 58 anos.

Para a professora de artes Maya Lerman, de 31 anos, é "óbvio que é melhor que os reformistas ganhem".

"Eu me identifico com os jovens do Irã e espero que eles consigam derrubar Ahmadinejad, acho um absurdo essa repressão à liberdade de expressão e essas fraudes nas eleições", afirmou.

"Acho que para Israel também é melhor que o candidato reformista ganhe, ele é mais moderado e com ele poderá ser mais fácil dialogar", acrescentou Lerman.

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