CABO CANAVERAL, Estados Unidos (Reuters) - O investimento feito pelos Estados Unidos no programa espacial Apollo, que levou o homem à Lua 40 anos atrás, gerou dividendos expressivos, ao contrário da Estação Espacial Internacional, que custou 100 bilhões de dólares, disseram ex-astronautas daquele projeto na segunda-feira.
"Abrimos a porta para o futuro da exploração ao tocar outro corpo", disse Buzz Aldrin, segundo homem a pôr os pés na Lua, em entrevista coletiva a propósito do aniversário da missão.
Entre 1969 e 72, os EUA fizeram seis missões tripuladas à Lua. Depois desenvolveram os ônibus espaciais e, posteriormente, a estação espacial, um projeto ainda em construção, numa parceria de 16 nações. Os ônibus espaciais devem ser aposentados no ano que vem, e durante algum tempo a ida de tripulantes à estação ficará a cargo da Rússia.
"Gastamos muito dinheiro lá em cima a troco de quase nada. É quase um elefante branco", afirmou o comandante da Apollo 13, Jim Lovell. "Até que possamos realmente receber um retorno no nosso investimento naquele projeto em particular, terá sido dinheiro desperdiçado."
O projeto Apollo custou 25 bilhões de dólares (valores de 1969, não atualizados). O investimento consumiu 4 por cento do orçamento federal, mas segundo os astronautas gerou um retorno muitas vezes superior.
"Agora parecemos pensar que é demais colocar 0,6 por cento (do orçamento federal) no orçamento da Nasa", disse Walter Cunningham, da missão Apollo 7. "Isso na minha opinião é idiota. O investimento que fizemos na década de 1960 foi pago. Você tem o retorno desse investimento pelos 30 anos seguintes. Ele foi um motor da tecnologia que realmente ajudou a fazer de nós a força motriz econômica do mundo."
"Que investimento que estamos fazendo hoje que irá garantir que tenhamos esse tipo de retorno durante 30 anos? Não vejo isso por aí", disse ele.
Na opinião dos astronautas, falta uma meta inspiradora, uma força motivadora, como foi o objetivo de pisar na Lua para o projeto Apollo.
"Parar mim, exploração é ir a algum lugar aonde não se esteve antes", disse Aldrin, que defende um projeto da Nasa para ir a Marte, em vez de voltar à Lua.
Pelo atual plano espacial dos EUA, as prioridades são concluir a Estação Espacial, levar astronautas à Lua e só depois preparar a partir de lá viagens tripuladas a Marte e a outros destinos do Sistema Solar.
O presidente Barack Obama, que recebeu os astronautas na Casa Branca na segunda-feira, disse que a Nasa continuará com sua missão "inspiradora".
"É justo dizer que a pedra angular para a excelência na exploração e descoberta será sempre representada pelos homens da Apollo 11", disse ele no Salão Oval.
"Vocês inspiraram toda uma geração de cientistas e engenheiros que acabaram realmente provocando a inovação, a liderança, o empreendedorismo e a criatividade aqui na Terra."
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